quarta-feira, 7 de maio de 2025

Meu espaço

 Quando mais nova, eu tinha uma agenda diário. Anotava as coisas que eu achava mais importantes. O ano era 1994, havia adotado este hábito. Pensei em mostrar às minhas filhas um dia... 

E foi oq aconteceu. Guardei o diário agenda (perdi na segunda enchente) e mostrei a elas meus acontecimentos, poesias e até a língua que eu e minha prima, Teka, inventamos. A consequência foi, elas também tiveram um diário agenda e criaram sua própria linguagem. Usufluiram de sua individualidade, sem interferência. 

Elas me perguntaram por que criei uma linguagem que ninguém pudesse ler. Então expliquei que, aos 14 anos, um dia chegando em casa, encontro minha mãe sentada na sala com meu diário agenda na mão. Havia lido todo ele, invadindo minha individualidade, meu espaço seguro. Ali continha meus segredos mais obscuros, arquei com as consequências. E aprendi. 

Com esses aprendizados, quis passar à elas, enquanto mãe, que ninguém tem direito de invadir o espaço delas. 

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